quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
Parar para reflectir
Camaradas,
Terminámos hoje a
nossa campanha eleitoral para dois órgãos importantíssimos do Sindicato dos
Jornalistas – o Conselho Deontológico e o Conselho Geral.
Antes de mais,
queremos agradecer a todos os camaradas que nos receberam nas suas redacções.
Foi muito bom estar convosco, estar entre nós, ouvir-vos e obter os vossos
contributos.
Somos uma lista de homens
e mulheres livres, cidadãos no pleno uso dos direitos, liberdades e garantias
que não renunciam à cidadania. Temos um passado como sindicalistas do qual não
só nos orgulhamos - e honramos pela confiança que vos merecemos – mas também
colocamos de novo ao serviço da classe.
Amanhã será dia de
reflexão. Daí que terminemos por aqui os nossos escritos neste blogue e na nossa página do
Facebook.
Depois de amanhã, é dia de votação. Como democratas
que somos, estamos na votação como Lista A. Pela Unidade e Participação da
classe. Pelo Jornalismo e pelos Jornalistas.
Depoimento Carlos Veiga Pereira
Integro a Lista A - Unidade e Participação, como candidato ao Conselho Geral, no convencimento de que a nossa candidatura e a nossa futura ação no Conselho Geral contribuirão para reanimar o pluralismo no Sindicato dos Jornalistas, para revigorar a unidade da classe, para defender a Liberdade de Imprensa, para robustecer a democracia.
Urge libertar o Conselho Geral da moleza em que tem vivido nos últimos anos, a fim de promover o cumprimento da sua vocação. A presença de duas listas com diferentes programas e diferentes projetos, somada à participação plural e estruturada assegurada pela eleição pelo método de Hondt, conduzirão certamente à substituição das noites de ociosa cavaqueira dos anteriores Conselhos Gerais por reuniões de trabalho organizado, por análises fundamentadas, por propostas alicerçadas na realidade vivida nas redações e não em meras conjecturas subjetivas.
As linhas mestras do programa proposto pela Lista A - Unidade e Participação são a garantia de um trabalho proveitoso ao serviço dos jornalistas. Bastará referir o compromisso de assumir plenamente as atribuições e competências previstas nos Estatutos, pronunciando-se nomeadamente sobre matérias escrutinadas por sua própria iniciativa, como a contratação coletiva, a exploração dos estagiários, as alterações tecnológicas, a tabloidização da informação, as ameaças políticas e económicas à independência da informação.
Aceitei o convite para me candidatar por entender que os “mais velhos” têm o dever de colocar a sua experiência e os seus conhecimentos ao serviço do nosso Sindicato. No que toca ao saber de experiências feito, referirei apenas a representação dos jornalistas, por voto direto da classe, no Conselho de Imprensa, um dos raros baluartes da liberdade de imprensa no período posterior ao 25 de Abril, duas dezenas de anos de participação nos Conselhos de Redação da Agência ANOP e da Agência Lusa, a representação dos jornalistas, mais uma vez por eleição direta, na Alta Autoridade para a Comunicação Social, a participação no Conselho Geral desde a sua instituição.
Urge libertar o Conselho Geral da moleza em que tem vivido nos últimos anos, a fim de promover o cumprimento da sua vocação. A presença de duas listas com diferentes programas e diferentes projetos, somada à participação plural e estruturada assegurada pela eleição pelo método de Hondt, conduzirão certamente à substituição das noites de ociosa cavaqueira dos anteriores Conselhos Gerais por reuniões de trabalho organizado, por análises fundamentadas, por propostas alicerçadas na realidade vivida nas redações e não em meras conjecturas subjetivas.
As linhas mestras do programa proposto pela Lista A - Unidade e Participação são a garantia de um trabalho proveitoso ao serviço dos jornalistas. Bastará referir o compromisso de assumir plenamente as atribuições e competências previstas nos Estatutos, pronunciando-se nomeadamente sobre matérias escrutinadas por sua própria iniciativa, como a contratação coletiva, a exploração dos estagiários, as alterações tecnológicas, a tabloidização da informação, as ameaças políticas e económicas à independência da informação.
Aceitei o convite para me candidatar por entender que os “mais velhos” têm o dever de colocar a sua experiência e os seus conhecimentos ao serviço do nosso Sindicato. No que toca ao saber de experiências feito, referirei apenas a representação dos jornalistas, por voto direto da classe, no Conselho de Imprensa, um dos raros baluartes da liberdade de imprensa no período posterior ao 25 de Abril, duas dezenas de anos de participação nos Conselhos de Redação da Agência ANOP e da Agência Lusa, a representação dos jornalistas, mais uma vez por eleição direta, na Alta Autoridade para a Comunicação Social, a participação no Conselho Geral desde a sua instituição.
Carlos Veiga Pereira é o sócio n.º 20 do Sindicato dos Jornalistas e o titular da Carteira Profissional n.º 1
Declaração de apoio de Ana Margarida de Carvalho
Porque o jornalismo
em Portugal morreu e ainda ninguém lhe comunicou o óbito.
Porque o corpo está
entregue a unidades de neurocríticos, atarantados, menos preocupados em
reanimar o ofício do que a impressionar o administrador, e ora ligam o
ventilador ou a máquina de fazer pim!
Porque o pacto da
verdade com o leitor está a ser quebrado pela perversa lógica do clickbait.
Porque há muitos leitores incautos que caem na fraude e na armadilha. Porque
não é admissível que se condicione a remuneração do jornalista ao número de
clicks que atinge uma publicação digital.
Porque um
jornalista não é um «produtor de conteúdos» nem um «organizador de eventos»,
muito menos tem de se ocupar do marketing e da «viralização» da notícia.
Porque os mais
influentes jornais americanos e europeus vivem no mesmo e incestuoso mundo da
simplificação, do totalitarismo do gosto, debitam os mesmos clichés, copiam-se
uns aos outros, reproduzem os mesmo comentários, as rubricas têm o mesmo nome,
repetem as mesmas fórmulas, hierarquizam os mesmo assuntos e a consanguinidade
nunca fez bem a ninguém.
Porque jornalismo
sem jornalistas não existe.
Porque democracia
sem jornalismo também não existe.
Porque se registam,
apesar de tudo, alguns sinais vitais.
Porque há outras
coisas que se devem salvar, para além de bancos.
Vota Lista A
Ana Margarida de
Carvalho, escritora e jornalista no desemprego
Lista A – Unidade e Participação a valer
Camaradas,
É já depois
de amanhã a votação presencial para os órgãos do Sindicato dos Jornalistas,
acto maior na vida da nossa organização de classe. Por isso renovamos o apelo
de sempre: participa, votando.
Ao longo
desta campanha, a candidatura da lista A
– Unidade e Participação procurou levar até junto dos associados, mas
também da generalidade dos jornalistas e dos cidadãos, as linhas de acção do
seu manifesto e também propostas concretas.
Através da
apresentação das linhas programáticas inscritas em vários documentos
colectivos, mas também de inúmeros depoimentos individuais, a lista A expôs as
suas ideias e os seus compromissos para valorizar
o Conselho Deontológico (CD).
Órgão
essencial da auto-regulação dos jornalistas, o CD deve readquirir o
protagonismo na discussão das práticas profissionais e estar no centro do
debate sobre a ética do jornalismo e a deontologia dos jornalistas.
Estas
eleições decorrem nos dias posteriores a mais um ataque à liberdade de
imprensa, com as afirmações do presidente do Sporting Clube de Portugal, no
sábado, a suscitarem justa indignação com o apelo ao boicote do público aos
órgãos de informação e com as tentativas de agressão a camaradas em serviço nas
instalações do clube.
Solidária
com os repórteres alvo da hostilidade e condenando com firmeza aqueles
acontecimentos, a lista A reafirma a importância de um dos deveres fundamentais
do nosso Código Deontológico – o de lutar contra as tentativas de limitar a
liberdade de expressão e o direito de informar. Também para este objectivo
podem contar connosco!.
A lista A – Unidade e Participação
comprometeu-se também a dinamizar o Conselho
Geral, o órgão que assegura a representação plural dos jornalistas, que
garante a concretização da diversidade e leva ao seio dos órgãos do Sindicato a
voz crítica e também o aconselhamento, reflectindo o pulsar da classe.
A
precariedade e os despedimentos, a exploração do trabalho de estudantes, a
falta de condições de trabalho, a fuga à justa retribuição do trabalho e
especialmente do trabalho suplementar em dias feriados e a falta de informação
sobre a negociação do Contrato Colectivo de Trabalho da Imprensa são algumas
prioridades da intervenção dos eleitos da lista A.
Para
o Conselho Deontológico e o Conselho Geral, vota lista A - Unidade e
Participação
Consulta aqui a composição
da lista A e o manifesto
eleitoral
Acompanha-nos
também em https://www.facebook.com/unidadeparticipacao.jornalistas
Declaração de apoio de João Ramos de Almeida
Vivemos
tempos complicados na comunicação social e cada vez mais se sente que o seu
papel constitucional está contaminado. As redacções encurtam-se, os jornalistas
empobrecem, a informação está cada vez mais centralizada. E por tudo isto, e
porque os problemas já vão surgindo em cada redacção, a unidade dos jornalistas
é algo que se tornará imprescindível nos próximos tempos. Até agora não foi
possível construir essa unidade, nem se debateu ainda essa urgência. Mas num
momento como este, pode ser bastante útil que haja a maior diversidade de
opiniões dentro do próprio Sindicato dos Jornalistas. E que essa unidade se
faça, fazendo qualquer coisa. Por isso, voto lista A para o Conselho Geral e
para o Conselho Deontológico.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
Declaração de apoio de Sérgio Ramos
O jornalismo está
nas ruas da amargura. E a culpa e nossa. Só nossa. Falta-nos coragem para sermos jornalistas.
Para sermos repórteres. Porque o melhor do jornalismo é ser repórter. Digo eu.
Sinto que cada vez
mais estou desfasado destes princípios. Mas eu acredito. E vou continuar a
acreditar. E por isso, por acreditar que
pode haver futuro para o Jornalismo, apoio a lista A. Temos de acreditar que o
Jornalismo vai voltar a servir a sociedade
Vota Lista A!
Sérgio Ramos
Repórter de Imagem
na RTP
sábado, 17 de fevereiro de 2018
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
A lista A em campanha
Em mais uma jornada de campanha nas redacções, candidatos da lista A - Unidade e Participação visitaram hoje a Rádio Renascença, o "Público" e "A Bola" em Lisboa. Foi distribuída também informação da lista em várias outras redacções, nomeadamente no "Jornal de Notícias", "Diário de Notícias", "Dinheiro Vivo" e "Expresso", no Porto.
Ex-secretária-geral da FIJ apoia a lista A
Eu não conheço todos os integrantes da lista A. Mas, conheço alguns: Martins Morim, Alfredo Maia, Anabela Fino, entre outros. E isso já me faz dar meu integral apoio aos nomes e programa do grupo. São jornalistas e companheiros que dedicaram a vida ao trabalho sindical. Coletivo. Num tempo em que somos empurrados para o individualismo. Companheiros preocupados com as condições de trabalho e salário dos jornalista. Mas, também, e principalmente, com o futuro do jornalismo e da qualidade do que é produzido e entregue à sociedade. No Brasil, vivemos uma crise do jornalismo. Então, espero que, eleitos, continuem nos inspirando no nosso exercício profissional e na busca do que todos desejamos. Um jornalismo que promova os aspectos humanos, humanizantes e emancipatórios da comunicação."
Beth Costa
Jornalista
Ex-secretária-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ)
Ao que vimos e quem somos
Síntese do manifesto da lista A - Unidade e Participação e apresentação sumária dos candidatos:
(PF "clicar" nas imagens para melhor leitura)
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
A lista A em campanha
Os candidatos da Lista A - Unidade e Participação realizaram hoje mais uma jornada de campanha em várias redacções em Lisboa: Agência Lusa, RTP, RDP, "Jornal de Notícias", "Diário de Notícias", "O Jogo", TSF, "Dinheiro Vivo" e Global Imagens.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
A lista A em campanha
Os candidatos da Lista A - Unidade e Participação estiveram hoje em campanha, nas redacções da SIC, do "Expresso", ambas do grupo Impresa, da "Visão", do "Jornal de Letras" e de outras publicações do grupo Grupo PIN.
Amanhã vão estar nas redacções de Lisboa da Agência Lusa, da RTP, da RDP e e dos vários órgãos de informação detidos pela Global Media Group.
Depoimento de Carlos Lopes Pereira
Um combate democrático
A maioria dos jornalistas portugueses
enfrenta hoje problemas muito complexos.
Esses desafios são conhecidos: da insegurança
laboral ao clima de intimidação, passando pelos mecanismos de controlo da
produção de informação, pela imposição de agendas e
critérios que mercantilizam a informação, pelas limitações ao pluralismo
político e ideológico. Tudo isso empobrece o jornalismo e condiciona a
liberdade de informação.
O jornalista Fernando
Correia, que estudou esta problemática, considera que agrava-se cada vez mais a
contradição, inerente ao capitalismo, «entre o crescente poder social dos media e a sua apropriação privada para
fins lucrativos, especulativos, de conquista de poder ou de influência no
poder».
Tais constrangimentos e pressões sobre os
jornalistas são ainda maiores nos media regionais
e locais do interior do País. Aqui, avança a desertificação, as empresas são
frágeis, o mercado publicitário é pequeno, jornais e rádios sobrevivem com
enormes sacrifícios, aprofundam-se dependências.
A eleição para os diferentes órgãos do
Sindicato dos Jornalistas é o momento indicado para renovar o debate sobre
estas e outras questões e preparar a continuação da luta para além da
votação.
O lema da candidatura da Lista A ao Conselho
Deontológico e ao Conselho Geral, «Unidade e Participação», é um óptima
bandeira. Com o apoio de um SJ plural e interventivo, cabe a toda a classe,
unida em torno do essencial, participar desse combate democrático em defesa dos
jornalistas e do jornalismo.
(Carlos Lopes Pereira é jornalista no “Diário do Alentejo”)
Uma lista de mulheres e homens livres
Os candidatos da lista A – Unidade e Participação foram
surpreendidos pelo teor de um texto de campanha da lista B, no qual se lê:
“Somos uma equipa que não segue directórios ou comités, uma lista de gente que
pensa pelas suas cabeças, cuja unidade coerente se baseia na múltipla
diversidade daqueles que nela participam”.
Tal parágrafo comporta insinuações inaceitáveis em
democracia e intoleráveis em profissionais que devem prezar a lealdade. Por
isso não pode ficar sem resposta.
A lista A – Unidade e Participação é uma lista constituída
exclusivamente por mulheres e homens livres, todos com provas dadas no
exercício da profissão e a maioria com larga experiência de vida sindical,
sempre ao serviço dos jornalistas e da causa dos seus direitos, da liberdade de
imprensa e de um Jornalismo eticamente responsável.
Os candidatos da lista A participam, de livre vontade e em
plena autonomia, em mais esta campanha eleitoral. Não obedecem senão à sua
consciência e à convicção de que transportam um projecto sindical que julgam
melhor para o Sindicato dos Jornalistas.
Foram-se juntando ao longo de muitos anos e de sucessivas
eleições para os órgãos do SJ, em função da identificação de problemas e
necessidades, em sintonia com propostas, objectivos e modos de intervir, sem se
perguntarem sobre rótulos de qualquer espécie e sem serem reféns de qualquer
obediência.
Com opiniões e convicções diversas, mas convergindo no
fundamental para a defesa da classe e do jornalismo, com experiências e
mundividências distintas, os candidatos da lista A não pediram licença a
ninguém nem recebem ou receberão ditames seja de quem for.
Não é novo. Sabem-no, por experiência, as largas dezenas de
camaradas que participaram connosco em sucessivos processos eleitorais. E podem
testemunhá-lo os que hoje estão noutra lista.
Os candidatos da lista A – Unidade e Participação estão
séria e serenamente empenhados nesta campanha, como estiveram em todas antes,
imbuídos de um profundo e genuíno espírito democrático.
Os candidatos da lista A – Unidade e Participação apresentam
propostas e submetem-se ao juízo dos eleitores, sem ataques gratuitos a outras
listas nem insinuações sobre a conduta de outros.
É a única forma – leal e sincera – que temos de estar no
sindicalismo e ao serviço dos jornalistas, pela unidade da classe. E damo-nos muito
bem com isso. Estamos certos de que os sócios do SJ e os jornalistas em geral
também.
Deontologia: 8 – Deontologia, um património colectivo
A lista A – Unidade e Participação para o
Conselho Deontológico conclui esta série de textos dedicado ao desenvolvimento
dos oito compromissos com uma exortação à valorização do património colectivo
do SJ, da classe e da sociedade.
A lista A compromete-se a assegurar “a
disponibilização, no sítio do Sindicato dos Jornalistas em linha, de um corpus documental que valorize
especialmente a doutrina produzida pelo CD ao longo de décadas, designadamente
através da sistematização de comunicados, pareceres e recomendações versando
questões e problemas relevantes, bem como o acesso a outros textos e documentos
de apoio aos jornalistas e em particular aos conselhos de redacção”.
O “separador” do sítio do SJ (www.jornalistas.eu)
dedicado ao Conselho Deontológico disponibiliza apenas as decisões e pareceres
do CD no mandato iniciado em Janeiro de 2015 (a exemplo do que acontece com
comunicados e pareceres da Direcção…). Como se nada tivesse acontecido antes
dele, como se, antes do mandato que agora cessa, outros mandatos não tivessem
produzido textos da maior importância e qualidade.
Além de nos propormos recuperar numa base
única todos os textos produzidos ao longo da existência do CD, pretendemos
assegurar uma colectânea de textos com outras origens (com a devida autorização
dos autores), mas de utilidade para os jornalistas, bem como sugestões
bibliográficas e ligações para publicações e sítios em linha.
A
Deontologia dos jornalistas não é propriedade dos titulares transitórios no CD;
é património da classe e deve ser colocada ao serviço da classe e da própria
sociedade.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Deontologia: 7 – As exigências da informação em linha
O 7.º compromisso da lista A – Unidade e
Participação para o Conselho Deontológico é muito directo quanto ao assunto e
visa preencher uma preocupante lacuna muito evidente: “Promover um debate na
classe dos jornalistas acerca das questões éticas e deontológicas envolvidas no
tratamento da informação no jornalismo multimédia em linha”.
A voragem dos novos ritmos de trabalho e
as consequências das mutações na própria noção de actualidade sugeridas pelas
possibilidades tecnológicas da comunicação instantânea alteraram radicalmente
as condições de produção dos media.
Com a palavra de ordem “É necessário gerar
tráfego!”, frequentemente vemos sacrificados, no altar da rentabilização
económica dos novos meios, não só conceitos básicos de Jornalismo, mas também
princípios fundamentais da ética e da deontologia.
Quando o imediatismo sacrifica tantas
vezes a verificação das informações e prescinde da obrigação de ouvir as partes
com interesses atendíveis, mandando publicar a quente, mesmo que (remotamente…)
tenhamos de desmentir a frio, algo vai mal no campo da consciência ética.
Quando uma qualquer “informação”
circulando nas redes sociais atingindo pessoas é transformada em notícia só
porque tem audiência garantida, por mais irrelevante que seja e por muito longe
que esteja de estar comprovada, muito comprometemos deveres deontológicos
essenciais.
Quando a tentação de ceder à difusão de
imagens (de preferência chocantes), de proveniência não profissional e até de
origem desconhecida, ou pelo menos de origem que seriamente não pode ser
comprovada, prevalece sobre o escrúpulo pelo dever de lealdade, estamos perante
um problema muito sério de deontologia.
Na lista
A – Unidade e Participação, queremos discutir estes temas com abertura e sem
complexos, mas com responsabilidade. É isso que exigem os jornalistas que se
batem por um Jornalismo pautado por elevados padrões de exigência. E é isso que
reclama o público que servimos.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
Deontologia: 6 – Por um Jornalismo ético
Os candidatos da lista A – Unidade e Participação não renunciam ao velho e “sagrado” princípio de que a deontologia do jornalismo é tarefa da incumbência dos próprios jornalistas e das suas organizações de classe.
É por isso que se candidatam: para contribuir para tornar o Conselho Deontológico mais actuante e mais prestigiado, tanto junto dos sócios e da classe em geral, como do público e das instituições, projectando na sociedade a imagem real de uma profissão que se quer balizada por altos níveis de exigência ética.
Ao proporem a participação do CD “em parcerias sociais destinadas a promover o respeito
ético e deontológico da informação e dos media”, os candidatos da lista A não sugerem
alguma forma de renúncia dos jornalistas à sua auto-regulação.
Pelo contrário, as parcerias sociais não são formas de diluição dos valores do jornalismo, antes exigem dos jornalistas uma auto-regulação mais activa e uma consciência clara das suas responsabilidades sociais.
Um diálogo mais estreito com a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e com a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, sempre no respeito pelas atribuições, competências e autonomia de cada um, é um campo que deve ser explorado.
A eventual recuperação da discussão com vista à criação de um Conselho de Imprensa com a participação paritária dos jornalistas e das empresas, tendo como objecto a promoção do Jornalismo ético e responsável, é outro campo para abrir sem preconceitos.
domingo, 11 de fevereiro de 2018
Depoimento de Nuno Miguel Maia
Completei, já, 20 anos no jornalismo. Quando comecei, estava longe de imaginar a atual curva descendente de vários aspetos na profissão: crise de modelo de negócio, de condições laborais, de valores deontológicos. Um pouco por tudo isto, hoje as notícias confundem-se com “conteúdos”. O que torna imperativo que se estabeleçam bem as fronteiras entre o que deve ser considerado jornalismo e o que está fora dele, das suas regras.
Somos cada vez menos. Mas tenho para mim que, ao invés de nos dividir, tal realidade deve unir-nos e levar-nos a participar e dar o nosso contributo, por modesto que seja, no âmbito da única organização profissional suscetível de representar e congregar os jornalistas e os seus interesses.
Nesta medida, creio ser do interesse de todos voltar a ter nas lides sindicais, designadamente no Conselho Deontológico (e poderia ser em qualquer outro órgão), quem efetivamente está preparado, tem vocação e autoridade profissional para tal. Alfredo Maia é o mais capaz para encabeçar tal tarefa e responsabilidade de marcar o reduto da deontologia – aquilo que ainda distingue o (cada vez mais importante e necessário) jornalismo de qualquer outro “conteúdo” confundível.
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